Após
inúmeras vivencias, é aceitável não impressionar-se mais. Perfeitamente natural
achar que a essa altura da vida, todas as estrelas já se formaram. Não há
porque sentar-se e aguardar a próxima estrela cadente, até o pedido feito a ele
junto da surpresa de ver o tal astro luminoso rasgar o céu, parece cético
quanto à surpresa.
A
lei natural das coisas, diz a partir de tais fatos, que o melhor já veio, e
viver a constância antes desejada é a recompensa por todos os desencontros e
emoções vividas. Sentemos, pois!
Mas,
com a mesma tranquilidade que curtimos tal bonança, percebemos que daqui, como
expectadores, estamos sujeitos a sermos capturados pelo próprio poder de
observação. Sim, pois olhar para vida sem maiores expectativas nos sujeita a
mudança de panorama. E como saltando da
até então tela monótona formada pelos painéis da vida, o novo brota como um rio
perene. E as cores repetidas perguntam-se confusas: como é possível?
Apesar
de nascer a instantes, trás consigo a pergunta tola mais fundamental: como
havia sentido antes? Como aceitar a anterior falta de tamanho encanto como
normal? E essa luz? De onde veio? Será por isso que as nuvens cinza tinham
tanto poder em meu olhar?
Agora
a antes passiva observação ganha contorno de admiração, contemplação. Esperar
agora não mais cansa, pois há sim com que passar esse famigerado instante de
impaciência. Basta parar, lembrar e sentir como se a paz daquele momento se
convergisse no instante que se chama hoje.
Se
antes olhar a tela e admirar a obra de arte feita pelo destino já valia o
ingresso, hoje a vontade é explora o quadro, mexer nas cores e suas
combinações, como se querendo refazer a obra original do autor. Arriscada
ousadia, mexer no que foi conseguida em anos. Mas, será? A maravilhosa surpresa que se mostrou tão
avassaladora, permitiria a ousadia desse mero admirador?
Acho
que essa duvida perde-se em meio às outros milhares, que fazem da ate então
mente calma e acomodada, uma furação de “porquês”, “será” e “eu gostaria”.
Não
tenho pressa mais. Aprendi desde então me sujeitar. Pois a obra prima, segundo
alguns, nunca estará acabada. Justamente nascerá linda e única a cada exposição.
O MUNDO NÃO É O BASTANTE
FORÇA
SEMPRE