"Cale-se peito,
quieto! Você tem a noite toda para lutar e perguntar o motivo do eco que te faz
ouvir seu grito de volta. Espera as luzes fecharem os olhos e os pássaros deixarem
de sorrir. Os carros ainda buzinam na rua ao lado. O dia ainda esta aqui. Não
percebeu? Lembra que esse é um segredo nosso. Nosso e da confiável madrugada,
que ao menos pelo seu silêncio sempre foi muito boa em guardar segredo.
Difícil sim, eu
sei. Seu grito não é uma opção, é vital. As grades das noites frias e um quarto
escuro já se tornaram pequeno. Pequeno quarto, pequeno peito.
Mas até daqui, do
auge do raciocínio e nas portas da lógica, tal tortura já incomoda. Não se pode
calar a alma. O corrente que segura a portão já não suporta. Cada segundo ali
dentro além de aumentar a impaciência, é uma oportunidade a menos de se ouvir alguém
tem ansioso.
Entendo você
peito, não penso como você, mas suas razões são justas e lógicas. E de lógica
eu entendo. Entendo triste, porque só entendo de longe. Sou capaz de colocar
num papel todas as possibilidades de em ordem crescente de prioridade, mas sou
incapaz de ver que quando se sente a única prioridade é de sentir. Sentir louca
e desenfreadamente.
Sabe ficarei aqui
de cima, juro que ficarei quieto. Minha opinião cheia argumentos, só se
distancia da espontaneidade de querer.
Enfim peito, nem a
madrugada com seu silencio, nem minhas doses extras de cautela, serão
suficientes para te conter não é?
Vai, rompe a
barreira do limite que fiz questão de impor ate pouco tempo, ate quando achava
que estava no controle e que não existia algo que não pudesse conter. Mas há!
Ficarei aqui, mas
só observando. Agora o dia, as tarde, e todo tempo será testemunha, assim com
as noites frias e eu fomos. Vai peito. Sente, grita. Você conquistou isso.
Assinado: Cérebro."
O mundo não é o bastante!
FORÇA SEMPRE