domingo, 4 de maio de 2014

Carta de um racional admirador

"Cale-se peito, quieto! Você tem a noite toda para lutar e perguntar o motivo do eco que te faz ouvir seu grito de volta. Espera as luzes fecharem os olhos e os pássaros deixarem de sorrir. Os carros ainda buzinam na rua ao lado. O dia ainda esta aqui. Não percebeu? Lembra que esse é um segredo nosso. Nosso e da confiável madrugada, que ao menos pelo seu silêncio sempre foi muito boa em guardar segredo.

Difícil sim, eu sei. Seu grito não é uma opção, é vital. As grades das noites frias e um quarto escuro já se tornaram pequeno. Pequeno quarto, pequeno peito.

Mas até daqui, do auge do raciocínio e nas portas da lógica, tal tortura já incomoda. Não se pode calar a alma. O corrente que segura a portão já não suporta. Cada segundo ali dentro além de aumentar a impaciência, é uma oportunidade a menos de se ouvir alguém tem ansioso.

Entendo você peito, não penso como você, mas suas razões são justas e lógicas. E de lógica eu entendo. Entendo triste, porque só entendo de longe. Sou capaz de colocar num papel todas as possibilidades de em ordem crescente de prioridade, mas sou incapaz de ver que quando se sente a única prioridade é de sentir. Sentir louca e desenfreadamente.

Sabe ficarei aqui de cima, juro que ficarei quieto. Minha opinião cheia argumentos, só se distancia da espontaneidade de querer.

Enfim peito, nem a madrugada com seu silencio, nem minhas doses extras de cautela, serão suficientes para te conter não é?

Vai, rompe a barreira do limite que fiz questão de impor ate pouco tempo, ate quando achava que estava no controle e que não existia algo que não pudesse conter. Mas há!

Ficarei aqui, mas só observando. Agora o dia, as tarde, e todo tempo será testemunha, assim com as noites frias e eu fomos. Vai peito. Sente, grita. Você conquistou isso.


Assinado: Cérebro."

O mundo não é o bastante!
FORÇA SEMPRE