terça-feira, 5 de abril de 2016

Mais do mesmo

Após inúmeras vivencias, é aceitável não impressionar-se mais. Perfeitamente natural achar que a essa altura da vida, todas as estrelas já se formaram. Não há porque sentar-se e aguardar a próxima estrela cadente, até o pedido feito a ele junto da surpresa de ver o tal astro luminoso rasgar o céu, parece cético quanto à surpresa.
A lei natural das coisas, diz a partir de tais fatos, que o melhor já veio, e viver a constância antes desejada é a recompensa por todos os desencontros e emoções vividas. Sentemos, pois!
Mas, com a mesma tranquilidade que curtimos tal bonança, percebemos que daqui, como expectadores, estamos sujeitos a sermos capturados pelo próprio poder de observação. Sim, pois olhar para vida sem maiores expectativas nos sujeita a mudança de panorama.  E como saltando da até então tela monótona formada pelos painéis da vida, o novo brota como um rio perene. E as cores repetidas perguntam-se confusas: como é possível?
Apesar de nascer a instantes, trás consigo a pergunta tola mais fundamental: como havia sentido antes? Como aceitar a anterior falta de tamanho encanto como normal? E essa luz? De onde veio? Será por isso que as nuvens cinza tinham tanto poder em meu olhar?
Agora a antes passiva observação ganha contorno de admiração, contemplação. Esperar agora não mais cansa, pois há sim com que passar esse famigerado instante de impaciência. Basta parar, lembrar e sentir como se a paz daquele momento se convergisse no instante que se chama hoje.
Se antes olhar a tela e admirar a obra de arte feita pelo destino já valia o ingresso, hoje a vontade é explora o quadro, mexer nas cores e suas combinações, como se querendo refazer a obra original do autor. Arriscada ousadia, mexer no que foi conseguida em anos. Mas, será?  A maravilhosa surpresa que se mostrou tão avassaladora, permitiria a ousadia desse mero admirador?
Acho que essa duvida perde-se em meio às outros milhares, que fazem da ate então mente calma e acomodada, uma furação de “porquês”, “será”  e “eu gostaria”.
Não tenho pressa mais. Aprendi desde então me sujeitar. Pois a obra prima, segundo alguns, nunca estará acabada. Justamente nascerá linda e única a cada exposição.

O MUNDO NÃO É O BASTANTE
FORÇA SEMPRE