terça-feira, 25 de outubro de 2016

Encontro marcado


Algumas imagens me saltam ao olhos de vez em quando. Hoje, lembrei-me de como  sentava numa velha cadeira de balanço na casa de minha avó para olhar o mover dos ponteiros de uma relógio de parede que ficava sobre a porta da cozinha. Aquilo me hipnotizava. Minha cabeça girava e pensamento vagueava enquanto o ponteiro passeava. Alguns filmes passavam em minha cabeça. Imaginava que cada segundo era uma fase de minha vida, e como num relógio do tempo, ia me vendo passar pelo destino. O curioso que sempre me desconcentrava ao chegar no numero dez ( cinquenta minutos exatos), e era obrigado a começar novamente.
Hoje vejo que, o que tirava minha concentração era a minha incapacidade de ver minha vida por completo, imaginava que até certo ponto, a vida estava ali em minhas mãos, a partir dali, tudo era incerteza. Ou seria o medo de viver o desconhecido?
Esse medo nunca acabou, nunca! Arrastou-se por momentos, vitorias, derrotas, perdas de pessoas amadas, enfim. Eu tinha medo. Medo de me conhecer, me encarar, ver minhas falhas e qualidades. Medo!
Descobri depois, existem duas razões peculiares para que o medo faça parte de nossa realidade, e foi exatamente na descoberta do razão de ser desse antigo inimigo, que vislumbrei a solução das minhas duvidas. Vi que o medo nos é colocado para proteção. Sim, é a sensação de insegurança que nos livra de riscos, físicos, sentimentais e até espirituais. Ele limita nossas ações arriscadas e nos coloca num universo de conforte e controle que administramos bem. Outro fator importante no medo é que sua existência só desaparecerá após o embate. Sim, o enfrentamento. É na busca de romper os limites do medo, que vemos o quanto podemos, o quanto crescemos.
É possível que a descoberta de tais razões da existência do medo fique claro no campo teórico. De fato é de bom grado, definirmos o que nos prende. Mas e na prática? Na aplicação pessoal? O que de fato a definição do problema traz de efetividade em minha vida como indivíduo? Conclusões. E o que conclui? Vamos lá:
O planejamento é de vital importância em nossa vida. Traçar estratégias e pessoas a seguir devem ser prática comum de alguém que espera uma futuro de paz. Exatamente como imaginada cada pulsar dos ponteiros, até ai tudo bem, tudo certo. Mas e o “ponteiro no numero dez”? Esse é exatamente o muro que o medo constrói, exatamente isso, o muro, que ao mesmo tempo que nos protege de atitudes tomadas sob o controle de ilusões impulsivas e turvas, nós rapta a possibilidade da escalada ao desconhecido. Sim, o novo e libertador pode estar do outro lado desse muro, e só a impulsividade de uma escalada, a coragem de vencer o medo de altura e a certeza de não sabermos absolutamente nada que nos aguarda fará a diferença em nossa felicidade.
O medo, rouba a possibilidade do novo, da surpresa, das joias escondias logo ali, a um muro de distancia.
Acho que vou sentar mais uma vez na antiga cadeira, na mesma sala, olhar para o mesmo relógio, mas tendo a convicção que já estou pronto para vê–lo completar a volta inteira, a barreira esta começando a diminuir.

O MUNDO NÃO É BASTANTE


FORÇA SEMPRE