Algumas
imagens me saltam ao olhos de vez em quando. Hoje, lembrei-me de como sentava numa velha cadeira de balanço na casa
de minha avó para olhar o mover dos ponteiros de uma relógio de parede que
ficava sobre a porta da cozinha. Aquilo me hipnotizava. Minha cabeça girava e
pensamento vagueava enquanto o ponteiro passeava. Alguns filmes passavam em
minha cabeça. Imaginava que cada segundo era uma fase de minha vida, e como num
relógio do tempo, ia me vendo passar pelo destino. O curioso que sempre me desconcentrava
ao chegar no numero dez ( cinquenta minutos exatos), e era obrigado a começar
novamente.
Hoje
vejo que, o que tirava minha concentração era a minha incapacidade de ver minha
vida por completo, imaginava que até certo ponto, a vida estava ali em minhas
mãos, a partir dali, tudo era incerteza. Ou seria o medo de viver o
desconhecido?
Esse
medo nunca acabou, nunca! Arrastou-se por momentos, vitorias, derrotas, perdas
de pessoas amadas, enfim. Eu tinha medo. Medo de me conhecer, me encarar, ver
minhas falhas e qualidades. Medo!
Descobri
depois, existem duas razões peculiares para que o medo faça parte de nossa
realidade, e foi exatamente na descoberta do razão de ser desse antigo inimigo,
que vislumbrei a solução das minhas duvidas. Vi que o medo nos é colocado para
proteção. Sim, é a sensação de insegurança que nos livra de riscos, físicos,
sentimentais e até espirituais. Ele limita nossas ações arriscadas e nos coloca
num universo de conforte e controle que administramos bem. Outro fator
importante no medo é que sua existência só desaparecerá após o embate. Sim, o
enfrentamento. É na busca de romper os limites do medo, que vemos o quanto
podemos, o quanto crescemos.
É
possível que a descoberta de tais razões da existência do medo fique claro no
campo teórico. De fato é de bom grado, definirmos o que nos prende. Mas e na
prática? Na aplicação pessoal? O que de fato a definição do problema traz de
efetividade em minha vida como indivíduo? Conclusões. E o que conclui? Vamos lá:
O
planejamento é de vital importância em nossa vida. Traçar estratégias e pessoas
a seguir devem ser prática comum de alguém que espera uma futuro de paz.
Exatamente como imaginada cada pulsar dos ponteiros, até ai tudo bem, tudo
certo. Mas e o “ponteiro no numero dez”? Esse é exatamente o muro que o medo constrói,
exatamente isso, o muro, que ao mesmo tempo que nos protege de atitudes tomadas
sob o controle de ilusões impulsivas e turvas, nós rapta a possibilidade da
escalada ao desconhecido. Sim, o novo e libertador pode estar do outro lado
desse muro, e só a impulsividade de uma escalada, a coragem de vencer o medo de
altura e a certeza de não sabermos absolutamente nada que nos aguarda fará a
diferença em nossa felicidade.
O
medo, rouba a possibilidade do novo, da surpresa, das joias escondias logo ali,
a um muro de distancia.
Acho
que vou sentar mais uma vez na antiga cadeira, na mesma sala, olhar para o
mesmo relógio, mas tendo a convicção que já estou pronto para vê–lo completar a
volta inteira, a barreira esta começando a diminuir.
O MUNDO NÃO É
BASTANTE
FORÇA SEMPRE